quinta-feira, 27 de abril de 2023

Confissões de um coleccionador

A colecção de câmaras fotográficas antigas é uma espécie de lar da terceira idade, uma Babel de olhares desmemoriados.
As máquinas foram chegando dos quatro cantos do mundo, com seus achaques, deixando para trás, sabe-se lá onde, as suas memórias de celulóide.
Umas têm as lentes toldadas pelas cataratas do vidro, outras disparam devagar na dolorosa artrite dos seus obturadores e outras ainda sofrem da incontinência luminosa causada pelos orifícios nos foles.
Mas todos aqueles olhos que tanto viram ao longo do século XX, nos mais desvairados locais e situações, parecem agora pasmados pelo vazio dos seus interiores negros de onde os homens, invejosos e cansados das imagens fátuas do cérebro, arrancaram as películas em que o tempo se suspendera.
Este Alzheimer fotográfico do já visto só pode ser revertido fotografando outra vez.
A cada nova velha máquina que desperto do seu sono, qual bela adormecida, sinto-me um príncipe encantado.
Excita-me imaginar o que elas sentem quando abrem os seus olhos há tanto tempo cerrados. Quase tudo o que eu lhes possa mostrar, quando as disparo, deve ser para elas uma espantosa novidade.



Umas, posso imaginá-las na Chicago elegante dos anos vinte e tento perceber o seu choque quando abrem a lente para a arquitectura vanguardista da Expo.
Outras, podem muito bem ter servido para um fazendeiro boer fotografar as suas orgulhosas plantações, ou para um nababo do Pundjab eternizar o palácio e os seus adornos femininos; mas agora piscam o seu obturador em remotas aldeias transmontanas.
Elas viajaram no tempo e no espaço para, nos meus braços, sair da sua prolongada letargia.
É ao fotógrafo que cabe levar as máquinas a olhar e registar de novo, num reviver de mecanismos e gestos. Reter as suas memórias num enrolar de filme e depois pô-las frente a frente com as suas próprias obras.
Ao fazer isso, o fotógrafo reinventa a sua própria biografia. Repetindo os modos que há muito esquecera ou descobrindo os gestos que nunca tinha feito.
O visor à altura do olho ou da cintura, o avanço da película com alavanca ou com rotação da lente, a focagem por estimativa ou por sobreposição, a medição da luz pelo selénio ou pelo cádmio, o empunhar da câmara com dois dedos ou com as duas mãos, o disparo espontâneo ou encenado, um olho que pisca ou então um olho que arregala, são determinantes do que se pode fotografar e de como se fotografa.
Os desenvolvimentos tecnológicos e ergonómicos que percorreram o século XX não constituem apenas uma parada de tentativas e de abandonos, de sucessos e de fracassos; cada nova realização da técnica e do design transformou o gesto de fotografar de forma irremediável.
Ao reconstituir essa caminhada desvendamos as raízes da fotografia actual.
Fernando Penim Redondo

sexta-feira, 14 de abril de 2023

LEICA II (1932)


514 - LEICA II (1932)

Este foi o primeiro modelo da Leica com telémetro integrado.

O exemplar em apreço está muito usado e mostra sinais da sua idade.

Lente Leitz Hektor 50mm 1:2.5

Filme 135 AGFA APX datado 2025

segunda-feira, 10 de abril de 2023

MITSAI Eagle Eye (1994)



514 - MITSAI Eagle Eye (1994)
Uma "point&shoot" japonesa, muito básica, em plástico, como era comum nos anos 90.
Oferecida pela amiga Ana Araújo
Filme 135 Kodak Gold 100

 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

PURMA Speed (1936)


 

513 - PURMA Speed (1936)

Foi a primeira da série: PURMA Special (1937), PURMA Plus (1951).

O que mais as distingue é a relação entre a velocidade de obturação e a posição da câmara, pois a força da gravidade é usada para acelerar ou retardar o movimento da cortina metálica.

Lente Achromatic Focus 50mm, 1:6.3

Faz 4X4 em rolos 127, neste caso Kodak T-MAX 100 de 2022.

domingo, 2 de abril de 2023

OLYMPUS mju II - Preta (1997)


512 - OLYMPUS mju II - Preta (1997)

Uma Point&Shoot premiada que continua a gozar de boa reputação. O design, a eficácia da focagem automática e a qualidade óptica, contribuem para isso.  

Lente Zuiko 35mm f/2.8

Filme 135 Fuji X-TRA 400 datado 2021

sexta-feira, 10 de março de 2023

KONICA III MXL2 (1958)


 

511 - KONICA III MXL2 (1958)
Uma telemétrica, muito sólida, que faz o avanço da película com dois percursos de uma alavanca que rodeia a objectiva. Ao mesmo tempo, ao fazê-lo, armamos o obturador Sheikosha.
Lente Hexanon 48mm 1:2.4
File 135 Kodak Ektar 100 datado 2023
 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

ZEISS Ikon Box Tengor 54/15 (1934)


510 - ZEISS Ikon Box Tengor 54/15 (1934)
Em 1926, quatro companhias (Goerz, Ernemann, Contessa-Nettel e Ica) fundiram-se para criar a Zeiss Ikon.
É de lá que vem este grande caixote, um dos quatro modelos fabricados (este para rolos 116, os outros para rolos 120 e 129).
Lente Goerz Frontar.
Proporciona 3 aberturas e 3 zonas de focagem, coisa rara em câmaras deste tipo.
A fotografia apresentada foi feita com rolo 120 (Fuji Acros), adaptado com peças de plástico no topo dos carretos. Os fotogramas têm 6X11.5 centímetros.
A maior complicação resultou da diferença de posição da numeração nos rolos 120 e 116, para visualização pela janela posterior da câmara. Nesta máquina a janela dá acesso à numeração 4.5X6 do rolo 120 pelo que tive que fotografar de três em três (1, 4, 7, etc). Aceitando um pouco de desperdício da película já que 3X4.5 excede os 11.5 do comprimento do fotograma.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

MINOLTA X-300 (1984)


509 - MINOLTA X-300 (1984)

Uma competente SLR, de boa marca, com obturador de cortina controlado electrónicamente.

Focagem manual, cálculo da exposição com prioridade à abertura e montagem de lentes tipo MD.

Lente Minolta 50mm 1:1.7

Filme 135 Kodak TMAX 100 datado 2021

Foi ao elevador de S. Justa.